É leve e impermeável. Ela flutua, não queima e é resistente à água. Não surpreendentemente, a cortiça tem sido utilizada desde os nossos antepassados (caixas de cortiça foram encontradas em destroços de antigos barcos de pesca portugueses) e nos últimos anos tem-se verificado a sua integração no mundo do design.
Seleccionada em 2007 pelo conceituado designer britânico Jasper Morrison para um conjunto de cadeiras da Vitra, a cortiça tornou-se “moda” e é hoje incorporada em sapatos, copos e num enorme leque de novidades.
Acredita-se que sobreiro desenvolve a sua espessura - a casca do sobreiro é a cortiça, uma matéria-prima não inflamável - como uma forma de protecção natural contra os incêndios. Conforme constatado por ancestrais produtores de vinho, a estrutura interna da cortiça (semelhante a uma espuma) confere ao material uma grande elasticidade, suportando assim grandes níveis de compressão e voltando posteriormente à sua forma original.
A versatilidade da cortiça inspirou o designer francês Martin Szekely a criar a Simple Boxes, uma colecção que esteve disponível na Gallerie Kreo em Paris no ano passado: uma secretária, módulos de arquivo e uma mesa de café que tiram proveito da “luz da cortiça e da sua textura suave”, realça o designer, "e sua capacidade de absorver choques físicos e acústicos”. Este factor de resistência ao impacto esteve na base da escolha da cortiça para elemento-chave do capacete de bicicleta de Kevin Goupil.
O designer suíço Tomas Kral reinventou a rolha de cortiça na série Nariz de Palhaço, tornando-a numa esfera de cortiça para vedar o gargalo de uma “carafe”. Os castiçais de cortiça e tablemats de Marie-Christine Dorner foram concebidos de forma a potenciar as qualidades materiais das superfícies adjacentes. De acordo com esta artista “a cortiça é óptima para combinar com outros materiais, como a porcelana e o metal”.
Por último, a resistência da cortiça ao calor fez com que fosse seleccionada para os candeeiros Float, de Benjamin Hubert. É um nome apropriado para as luzes que parecem mais leves que o próprio ar, devido à presença de uma matéria-prima mais leve do que a própria água.
in Air France Madame Magazine, Outubro 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
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